Buscando dicas sobre como aliviar cólica? Acredite, você não está sozinha! ??
Uma pesquisa realizada em 2018 entrevistou 822 mulheres. 92% delas relataram sofrer dores de cólica menstrual, das quais 43% disseram que o incômodo é intenso e 20% o descreveram como insuportável. Apesar disso, 79% das mulheres já ouviram que cólica é “frescura, drama ou exagero”. Pode uma coisa dessas?
Mas não é exagero coisa nenhuma. Cólicas menstruais são uma coisa bem real na vida de todo mundo que tem útero. Estima-se que até 90% das mulheres em idade reprodutiva apresentam dismenorréia[¹], que é o nome clínico dado à cólica, mas esse fato só foi estudado com afinco lá para a década de 70, sendo considerada até então uma “doença das teorias”.
Hoje em dia, a gente sabe que cólica impacta de verdade no dia a dia, mas ainda carregamos o estigma de que “não é nada” ou que estamos “exagerando”. E foi exatamente pensando em ir contra isso que elaboramos este conteúdo. Assim, você pode conhecer as causas dessa dor e entender que sintomas são normais e quais requerem uma atenção especial. Além disso, o post hoje está recheado de dicas preciosas para aliviar a dor – tanto na hora quanto para períodos futuros ?
Saca só!
Como aliviar cólica?
Bom, vamos direto ao que interessa! Você pode tomar algumas ações para aliviar a cólica no momento em que ela mais está incomodando:
? Se você tem compressa em casa, chegou a hora de usá-la a seu favor. Para isso, é necessário esquentar a bolsa térmica e colocá-la na área do ventre. Isso vai ajudar a deixar o útero mais relaxado e, dessa forma, aliviar a cólica.
? Se você não tiver uma compressa, você pode simular uma com uma toalha molhada em água quente (cuidado para não se queimar!).
? Um bom banho quente também pode ajudar muito! Experimente fazer uma leve massagem nas regiões mais doloridas com um óleo de banho ou até mesmo com a espuma do sabonete.
? Chás de camomila e gengibre têm propriedades anti-inflamatórias, o que ajuda a reduzir a produção de prostaglandinas (entenda o que é isso a seguir!). E o gengibre ainda é considerado um analgésico natural!
? Você também pode fazer uma atividade física de nível moderado, aumentando a liberação de endorfina, hormônio que age como um analgésico e ainda traz sensação de prazer. Mas atenção: respeite os limites do seu corpo! Yoga é uma boa pedida [³].
? Você sabia que até a alimentação pode te auxiliar nesse período? Alimentos ricos em magnésio, como rúcula, couve e feijão-preto, conseguem regular as funções dos músculos, inclusive uterinos, o que promove o alívio da dor. Além disso, não se esqueça de beber bastante água para manter a hidratação em dia!
Já sabemos que, em algumas situações, essas dicas podem não funcionar com total eficácia, dependendo da intensidade da sua dor. Nesses casos, a solução é recorrer a analgésicos anti-inflamatórios de sua confiança, porque ajudam a inibir a ação das prostaglandinas.
É muito perigoso se automedicar, portanto só faça uso de medicamentos que você conhece e sabe que não vão causar alergias ou reações com outros remédios. Além disso, sempre é importante consultar com um ginecologista para tirar todas suas dúvidas e receber a orientação sobre como aliviar a cólica e outros sintomas da menstruação que podem estar atrapalhando sua rotina.
Posições para aliviar cólica
Se você puder, é muito importante tirar alguns momentos para descansar. Existem posições que podem diminuir o incômodo! ?
? A posição fetal comprime a área do abdômen e ainda deixa essa região mais quente, duas coisas muito gostosinhas quando estamos com cólica!
? Deitar de lado e abraçar a barriga também aquece essa área, trazendo sensação de bem-estar.
? Outra boa posição é, de joelhos, posicionar as pernas em formato de borboleta, unindo a sola dos dois pés e inclinando todo o corpo para frente. Isso possibilita que os ovários fiquem melhor acomodados. Usar almofadas como apoio também é uma boa!
? Deitar no chão com a barriga para cima e inclinar as pernas para um lado e para o outro é uma ótima pedida se você apresenta dores no baixo ventre e na lombar. Faça esta pose em uma superfície macia, que não machuque suas costas!
O que é cólica menstrual? Por que ela acontece?
A cólica menstrual pode ter duas formas distintas:
“A dor menstrual sem associação de patologias é considerada como dismenorreia primária, seu aparecimento inicial é geralmente igual ou pouco depois da menarca, quando os ciclos ovulatórios são estabelecidos, estando associada à síndrome pré-menstrual e a ocorrência no histórico familiar. Essa dor menstrual está relacionada ao primeiro dia de fluxo, com início um pouco antes ou no primeiro dia de menstruação, e tem duração na maioria das vezes entre 24 horas a 72 horas.” [²]
“O tipo secundário está associado a anormalidades na estrutura de um órgão ou a alguma patologia, entre as quais se encontram a endometriose ou cistos ovarianos; ocorrendo provavelmente anos após o aparecimento da menarca e com crises de dor antes ou durante a menstruação.” [²]
Ou seja, o que chamamos de cólica primária (ou dismenorréia primária) é esta cólica mais “comum”, que experienciamos todos os meses e com níveis diferentes de dor de corpo para corpo. Cólicas secundárias (ou dismenorréia secundária) está associada a outras doenças ligadas ao sistema reprodutivo feminino.
Vamos entender um pouco melhor o que acontece?
Temos aqui a região pélvica feminina ilustrada de forma que possamos ver todos os nossos órgãos cortados na metade. O nosso útero tem como principal função garantir que um embrião possa se desenvolver em um feto e, eventualmente, um bebê. Para conseguir fazer isso, ele possui um revestimento grosso ao redor de suas paredes internadas, chamada de endométrio.
Todos os meses, os ovários secretam estrogênio e progesterona, hormônios que carregam até o útero a mensagem de que chegou a hora de deixar o endométrio bem grosso e nutritivo. Isso acontece porque, caso ocorra fecundação, embriões ainda não possuem uma placenta que os alimente, então ele vai se alimentar do endométrio até que a placenta cresça.
No caso de não haver fecundação e, assim, uma gravidez não se iniciar, o útero recebe novas ordens, que vem de uma substância chamada de prostaglandinas, que são liberadas no endométrio e promovem a eliminação deste tecido extra que foi produzido.
Essas substâncias permitem que o útero faça a contração e relaxação necessárias para que o endométrio seja descamado e liberado na menstruação. E voilà: essas contrações de toda a parede uterina (revestimento do útero) são as cólicas que sentimos. Já o material que é descamado se torna o que chamamos de sangue menstrual.
Este é um processo natural e necessário para o ciclo menstrual – o que não significa que ele não doa! As dores localizam-se especialmente nas regiões pélvica, nos membros inferiores (coxas e pernas) e na região lombar das costas, atingindo sua maior intensidade máxima nas primeiras horas e desaparecendo espontaneamente após 24 a 48 horas, mas pode durar alguns dias.
Alguns outros sintomas também podem acompanhar a cólica menstrual: dor de cabeça, dor lombar, náuseas e vômitos, diarréia, irritabilidade e fadiga. Eles acontecem, principalmente, pelo efeito que as prostaglandinas podem causar sobre a musculatura do estômago, intestino e vasos sanguíneos.
Por que algumas mulheres sentem mais dor do que outras?
Cada corpo é diferente e responde a estímulos de forma diferente. Algumas sofrem com dores de cabeça, outras possuem nível de dor maior que outras. Depende muito de histórico familiar, hábitos diários como exercício físico e alimentação, e do próprio funcionamento do corpo de cada uma de nós.
Alguns sintomas também podem indicar problemas mais sérios e devem ser observados com cuidado. Vamos falar mais sobre eles, mas deixamos sempre a recomendação: procure o seu ou a sua médica se tiver qualquer preocupação!
Tenho cólicas muito fortes, devo me preocupar?
Até o momento, falamos apenas da cólica primária. Ou seja, aquela que incomoda, mas não te impossibilita de fazer as atividades diárias.
Mas existe também um outro tipo de cólica, que é a secundária, de intensidade bem maior que a primeira. Caso você se identifique com isso, é importante ficar alerta e buscar ajuda médica. A cólica secundária tem causas mais sérias, como a má formação do útero, miomas (tumores benignos no útero) e endometriose (distúrbio no qual o endométrio cresce para fora do útero).
No caso da endometriose, você não apenas vai sentir cólica como também pode ter outros sintomas, entre eles o sangramento ou dor ao urinar ou defecar e dor nas relações sexuais.
Como regra geral, fique de olho em qualquer sintoma que realmente te impeça de viver o dia a dia normalmente e cause níveis de dor muito acima do normal, apresentando sintomas como febres ou dores muito intensas em partes diversas do corpo. Esse tipo de coisa deve sempre ser levada até um especialista. Sua saúde não é frescura! Cólicas menstruais podem ser sinal de um problema mais sério.
Por isso, é fundamental não ignorá-la e buscar meios para tratá-la. No caso da cólica secundária, você precisa investigar a causa com o auxílio de um ou uma ginecologista.
No caso de cólicas primárias, existem algumas formas de conter esse incômodo e aliviar um pouco da dor e dos sintomas que podem acompanhar.
Como aliviar cólica menstrual a longo prazo?
A boa notícia é que existem pequenas mudanças nos nossos hábitos diários que podem ajudar a aliviar a cólica menstrual dos próximos meses! Saca só:
? Seguir uma alimentação saudável é um dos principais passos na busca do alívio prolongado da cólica. As sementes, como amêndoas, castanhas, chia, gergelim, semente de abóbora e de girassol, são importantes aliadas. Nas semanas antes de começar a menstruação, é importante tentar ao máximo evitar o consumo exagerado de laticínios e frituras.
? Além disso, o tabagismo influencia no aparecimento desse incômodo, especialmente se a mulher continuar a fumar por um longo período.
? Os exercícios físicos também devem se tornar um hábito na sua vida. Enquanto no período de sangramento são mais indicadas atividades como pilates, yoga e aeróbica, fora dessa época, vale a pena testar diferentes opções até encontrar aquela que mais combina com você.
? Você sabia que até a saúde mental influencia na cólica? Isso mesmo! Se você ficar muito estressada, é bem provável que a sua dor seja mais intensa. Então, não deixe de cuidar de si durante todo mês e não apenas enquanto durar a menstruação.
? A meditação pode ser uma boa pedida para desacelerar e se manter menos estressada nesse período que os hormônios oscilam.
? Começar a tomar a pílula anticoncepcional também é uma opção para quem se sente muito incomodada com a cólica. O anticoncepcional ajudará a controlar os sintomas da menstruação e a diminuir as dores. Fale com um gineco para ter a recomendação do medicamento!
Faça atividades prazerosas, respeite os seus sentimentos, não se cobre tanto e, se possível, converse com um profissional especializado e, assim, ter uma melhor qualidade de vida. Afinal, nem sempre conseguimos lidar com tudo sozinhas, né? Então solicitar ajuda profissional é um ótimo caminho!
E não se esqueça: caso a sua cólica seja daquele tipo que te impede de viver normalmente durante a menstruação, procure se consultar com um médico para investigar a causa disso. Jamais negligencie o cuidado com a sua saúde!
Aqui você confere mais informações sobre sua primeira consulta com um ginecologista. Vem ver!
E aí, gostou das nossas dicas sobre como aliviar a cólica? Existem diversas maneiras de fazer isso, então vá testando todas e veja quais realmente fazem efeito no seu caso!
Referências:
[¹] Clínica Médica: dos Sinais e Sintomas ao Diagnóstico e Tratamento. Barueri: Manole, 2007. [²] Oliveira RGCQ, Silva JC, Almeida AF,et al. TENS de alta e baixa frequência para dismenorreia primária: estudo preliminar. ConScientiae Saúde. 2012; 11(1): 149-158. [³] Araújo, Luana Macêdo de, Silva, José Mário Nunes da, Bastos, Weltianne Tavares, & Ventura, Patrícia Lima. (2012). Diminuição da dor em mulheres com dismenorreia primária, tratadas pelo método Pilates. Revista Dor, 13(2), 119-123. RODRIGUES et al, Dismenorreia em adolescentes e jovens adultas, Acta Med Port. 2011; 24(S2): 383-392 Zeev Harel, MD. Dysmenorrhea in adolescents an young adults: etiology and management. J Pediatr Adolesc Gynecol. 2006; 19: 363-371. Schultze C, Carvalho RML, Carvalho DS. Cefaleia e terapia de reposição hormonal. Rev. Neurociências. 2001; 9(1): 9-15. Motta EV, Salomão AJ, Ramos LO. Dismenorreia – Como diagnosticar e tratar. Rev Bras Med. 2000; 57(5).
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